terça-feira, 25 de março de 2014

Sobre todos vocês



Estou aqui, provavelmente.

Tento me concentrar em algo que poderá ser utilizado em conversas futuras, e eu realmente gosto de estar aqui, nesta palestra sobre alguma coisa.

 Cerca de quinhentas pessoas naquela sala meio sépia, três delas opinavam sobre tudo, me pareciam bem empolgadas, as outras, imaginavam os outros, assim como eu, empolgados também.

 Acho que percebiam quantas conexões eram possíveis apenas pelas expressões de cada um.

Alguns eu sentia uma imensa vontade de iniciar uma conversa, uma conversa particular, dentro de uma casinha meio rosada e macia, rodeada por cercas elétricas. Porque fora dela poderíamos ser atropelados.

E a conversa fluía, com alguns eu já conhecia os pais, e já havia dado boas gargalhadas que seriam capazes de deixar qualquer um surdo, caso eles fossem capazes de ouvi-las.
Um deles levantou-se e foi embora, não sei pra onde.

Mas ele ainda estava aqui. E provavelmente em mais uns incontáveis lugares.
Uma tristeza me invadiu ao lembrar que ele não conhecia onde estava agora, e nem por onde andou. E nem conseguia se lembrar dos tantos cafés que havia experimentado, nem das cozinhas que conheceu. Nunca poderia.

Mas que bom, talvez!


Assim, evitamos vários atropelamentos. Caminhando por diversas faixas brancas, pintadas ou velhas, até que o farol se torne vermelho. 



Luná Gonçá

Quesunteiros

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