sexta-feira, 21 de março de 2014

Apatia



Lá estão eles novamente, virando os olhos como se fossem miçangas, todas elas suspendidas por uma linha sem fim. Dizem que estão procurando pedaços de algo perdido, mas não sabem exatamente o que é. A linha balança, e as miçangas se dispersam rapidamente, elas seguem umas às outras em perfeita sintonia. Como uma coreografia de ballet clássico.

Uma ou outra miçanga, vez ou outra, estaciona no meio da linha.

‘’ Que sensação capitosa essa de olhar todos os outros de longe’’

Mas não dura muito; a linha curva-se em forma de V, e as outras bolinhas cintilantes correm desesperadamente para o meio, fazendo com que este, deixe de existir. Todas enfileiradas.
Então, eles acabam por achar o que não sabiam, seria normal acontecer uma decepção, ou felicidade, ou raiva, dependendo do que fosse.

Mas era o nada. Aquele depois da euforia confortadora. Da raiva que busca a respiração. Da decepção que já passou.
Era o nada, exatamente porque era, porque estava no passado. Sem repetição.

Já foi sentido. Parece sem sentido. 


E o que eles conseguiram achar fora um nome para aquilo. Apatia.   

Quesunteiros

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